Problematização



CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU EM FORMAÇÃO DE PROFESSORES – ÊNFASE NO ENSINO SUPERIOR
Disciplina:  EPISTEMOLOGIA DA CIÊNCIA
Professor Hamilton
Data: 13/04/2014
Nome:   José  Barros Soares                             Pront:  1380311                                  

As transformações da universidade contemporânea.
Contradições na construção o conhecimento.

Qual é o lugar e a importância da universidade no mundo conterrâneo? Qual o lugar central que ela ocupa na chamada sociedade do conhecimento?
   Nessa longa trajetória, passou por inúmeros conflitos e transformações, mas também manteve alguns traços marcantes que a caracterizam ao longo do tempo.
Um desses traços é a inquietude frente ao seu papel social, o que a faz discutir sobre si mesma e sobre suas relações com as múltiplas dimensões sociais.
     Com isso ela tem se mostrado capaz de criticar seu próprio caráter institucional e suas perspectivas orientadoras na produção do conhecimento e na formação de profissionais. Suas práticas convidam ao debate, às trocas, abrindo espaço para a manifestação de intenções conservadoras e favoráveis à restrição do debate, bem como das intenções transformadoras e fomentadoras da discussão. É isso que lhe permite conter, em si mesma, o potencial para enfrentar o futuro. Características como abertura, flexibilidade. E reflexão constitui-se em marcas do mundo acadêmico.
      No entanto, essas características só podem existir no plano institucional se elas se fizerem presentes nos sujeitos que constituem a universidade. Ou seja, para além de serem características institucionais, elas necessitam serem também características pessoais, uma vez que abertura, flexibilidade e capacidade de reflexão e de auto-reflexão são qualidades essenciais para a vida acadêmica.
     Tomando como base a responsabilidade social é um dos temas que mais vem ganhando espaço nas frequentes discussões de como uma empresa pode atuar em prol do desenvolvimento social.  A conscientização em torno da temática tem aumentado a cada ano no segmento empresarial, contudo, as instituições de ensino superior não ficaram de fora desta questão CUNHA, Luiz Antonio (1980). A Universidade temporã. O ensino superior, da colônia è era Vargas. São Paulo: Editora Unesp (3ª ed). 2007.
Ristoff (1999) ao tratar do tema no âmbito universitário, entende que essas instituições têm o compromisso de serem onipresentes, pois foram criadas pela sociedade, para que a sociedade pudesse ajudar-se a si mesma. Ao mesmo tempo, Ramos (2002) sugere que para combater as desigualdades sociais e favorecer a mudança em prol de um mundo mais justo, deve-se usar a melhor e mais pacífica arma que se dispõe: o conhecimento. Como locus da produção deste conhecimento, a universidade, em especial a pública, precisa se engajar na luta por uma sociedade mais justa e igualitária. E neste momento em que empresários, lideranças sindicais, organizações não-governamentais e outros setores da sociedade começaram a se mobilizar na busca por alternativas que equacionem os impasses sociais, torna-se fundamental que essas instituições se engajem, efetivamente, no processo integrando-se e solidarizando-se na busca por um mundo melhor.
O papel social da universidade, tem sido trazido à tona com uma frequência cada vez mais significativa, constituindo-se em um dos temas mais atuais, na opinião de Martins Filho (1997); além de estar presente na pauta de diversas conferências no Brasil e exterior, reunindo reitores de diversas nacionalidades.
O presidente do Instituto Latino-Americano de Educação para o Desenvolvimento, Luís Yarzábal, em conferência realizada em Buenos Aires, manifestou-se na oportunidade defendendo que as universidades públicas têm de ajustar seu compromisso, fundamentadas nas conclusões de toda uma década de discussões patrocinadas pela UNESCO, sobre políticas e estratégias de mudança na educação superior. Na sua visão, as universidades públicas podem contribuir para modificar o curso da sociedade atual e ajudar a gerar opções e valores alternativos aos atuais modelos de organização social (UFRGS, 2002).
     Como afirma Barnett (2001), estamos presenciando uma verdadeira mudança epistemológica onde há o desaparecimento de um significativo vocabulário no mundo da formação (compreensão, crítica, interdisciplinaridade, sabedoria) enquanto emerge um outro, de caráter essencialmente instrumental (habilidades, competências, resultados, capacitação, empreendedorismo, transferibilidade).
     Em suma, as ideologias neoliberais e os interesses pautados pela lógica do mercado buscam impor a realização de um tipo de ensino sustentado por uma pedagogia que tem como primeiro compromisso educativo colocar-se como parceira dos processos produtivos (CUNHA, 2006).
   
 Dentre esses paradigmas Morin (2008) ressalta que o desenvolvimento científico,
técnico e social está cada vez mais em inter-retroação. Em outras palavras significa que, a
experimentação científica constitui por si mesma uma técnica de manipulação e o desenvolvimento das ciências experimentais desenvolve os poderes manipuladores da ciência
sobre as coisas físicas e vivas (Morin, 2008, Francelin, 2004, Santos, 2002).
  Este favorece o desenvolvimento das técnicas, que remete a novos modos de experimentação e de observação, que nesse contexto, potencializa a manipulação no caráter da ciência (Morin, 2008).
Em função desse processo de inter-retroação, a situação e o papel da ciência na sociedade modificaram-se profundamente, de forma que hoje, ela tornou-se uma poderosa
instituição no centro da sociedade, subvencionada, alimentada, controlada pelos poderes econômicos e estatais (Morin, 2008).
Por outro lado, há outras concepções que revelam que a ciência não se reduz a experimentos, pelo contrário, ela é extremamente abrangente e complexa. O experimento científico como critério de cientificidade é ponto fundamental para o desenvolvimento das ciências exatas e biológicas ou da natureza, mais bem representadas pela física e pela biologia, especialmente através de seus desdobramentos disciplinares nas últimas décadas do século XX. Porém, esse mesmo “cientificismo” não é ser partilhado pelas disciplinas que compõem as chamadas ciências humana se sociais (Francelin, 2004, Teixeira, 2004 p.58).
   Nesse aspecto, o pensamento científico não se forma nem se transforma apenas pelo experimento, pelo contrário, anterior à práxis
científica estão a ideia, o pensamento, o “conhecimento do conhecimento”, e a filosofia da ciência, que trazem à tona as discussões em torno da epistemologia, dos paradigmas, da ética, da moral, e da política. Enfim, características relacionadas e inter-relacionadas ao desenvolvimento do conhecimento e aos possíveis desdobramentos e consequências que possam trazer (Francelin,2004p. 30).
  Na esteira dessa discussão, destacam-se três fins principais da universidade
contemporânea, a investigação, o ensino e a prestação de serviços que, apesar do atrofiamento da dimensão cultural e do privilegiamento do seu uso conteúdo utilitário, produtivista, explodiu em uma multiplicidade de funções por vezes contraditórias entre si (Santos, 1997).


Referências Bibliográficas
Francelin, M. M. (2004 set-dez). Ciência, senso comum e revoluções científicas: ressonâncias e paradoxos. Ci. Inf.,33 (3), 26-34, Brasília.

Morin, E. (2008). Ciência com Consciência. 12ª ed. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil.

BARNETT, R. Los limites de la competencia –el conocimiento, la educación superior y la sociedad.Barcelona: Ed. Gedisa, 2001.

TAVARES, Daniel e PAZ, Alberto S. Responsabilidade Social nas Instituições de Ensino Revista Aprender Virtual, março de 2003  p. 01-07 Disponível em: http:// www.aprendervirtual.com/ Acesso em 26 de mar. 2003.
CUNHA, Luiz Antonio (1980). A Universidade temporã. O ensino superior, da colônia è era Vargas. São Paulo: Editora Unesp (3ª ed). 2006.

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